histeresepoética
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
terça-feira, 9 de julho de 2013
The beekeeper
Ο Μελισσοκόμος
The beekeeper
Cena de "The beekeeper" (1986) de Theo Angelopoulos.
Se alguém me perguntasse quem sou,
diria apenas que estou de passagem,
que não quero nada,
Guardaria ao silêncio a minha vertigem,
Se encontrasse uma bela perdida,
voluntariosa e liberta,
a consumiria em espasmos de desespero poético,
Quando no recanto alto
pudesse apenas olhar,
pudesse apenas olhar,
visse dentro as linhas
do eterno passo no círculo lento,
só poderia render-me,
jogar-me na terra e ficar a cismar cada grão caído,
Pois que tudo não há de ser nem ter sido mais do que isso,
Lançar-se e ficar a cismar com cada instante sido
Cena de "The beekeeper" (1986) de Theo Angelopoulos.
Pequeno Poema
Pequeno Poema
Veja bem...
Essas mãos atadas...
Essas mãos atadas...
É coisa que não se sabe...
A pupila gasta...
A dor tão vasta...
E a vida...
É silêncio...
Choro Grato
Choro Grato
Quando chora o céu,
Tem o ar essa face orvalhada,
Caudal de lágrima perene que sente o véu claro derramar-se
sob a terra solene
Vê-se a cortina alva
entrelaçando as formas altas
e as figuras amainadas do solo falho
Nostalgia furtiva,
engravida o ser com semente de presságio úmido,
feto que brota sempre junto ao choro do nublado fundo,
Há esses momentos em que faço chover dentro,
Põem-se nuvens entre os pensamentos
E sentir torna-se puro desaguar-se
Quando chora o céu
Vêm esse frêmito de sentir-se afluente da garoa branda
Penso como que de soslaio,
A observar o céu em pranto
como seria findar a vida à jusante em delta raro,
estuário final da corredeira doce
Embora desde a fenda nascente tenha provado do sal,
é só na praia calcária que vem o gosto acre?
de não mais escorrer na areia branca
E continua esse querer suspender-se,
e ser riacho em meio essa chuva premente,
Lá fora insiste a névoa curva em soluçar esse orvalho,
E continua a sensação de ser desse céu o choro grato
A queda, de René Magritte, em 1953
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